França. Partidos de esquerda entendem-se para formar uma "nova frente popular"
Após uma longa jornada de negociações, os partidos da esquerda francesa anunciaram um acordo para apresentar uma lista única de candidatos às eleições antecipadas para 30 de junho e 7 de julho.
O França Insubmissa, LFI, o Partido Socialista, os Ecologistas do EEFV, o Geração.s e o Partido Comunista Francês, PCF, referiram que pretendem formar uma "nova frente popular", na expressão utilizada pelos socialistas, de forma a impedir a extrema direita e a direita de assumirem o poder.
Não foi de imediato revelado o nome do candidato a primeiro-ministro.
A lista única da esquerda irá apresentar-se "nos círculos eleitorais franceses", com os partidos a prometerem "um programa comum de ruptura" com "um desdobramento para os primeiros 100 dias de mandato".
"Chegámos a um programa político de rutura, com um desdobramento para os primeiros 100 dias de mandato, propostas concretas e realistas para que a vida do povo francês realmente mude", realça a declaração.
O entendimento foi anunciado na rede X. O França Insubmissa afirmou, "escreveu-se uma nova página na História de França".
🔴 URGENT - Communiqué : Une page de l'Histoire de France s'écrit avec le Nouveau Front Populaire !#NouveauFrontPopulaire pic.twitter.com/Et8Gefzv4Z
— La France insoumise 🟣 #NouveauFrontPopulaire (@FranceInsoumise) June 13, 2024
Em comunicado enviado à imprensa, o Partido Socialista aplaudiu o entendimento, "expressão de uma imensa esperança de união". "Foi selada!" referiu o texto.
"A partir de agora, a chegada ao poder do União Nacional [Rassemblement National, RN, na sigla em francês] já não é uma fatalidade!", rematou a mensagem.
A Frente Popular francesa foi uma coligação formada em 1935 por vários partidos de esquerda para responder à expansão do fascismo na Europa e que obteve a maioria absoluta nas eleições de 1936 para a Assembleia Nacional, mantendo-se no poder até 1938.
O entendimento desta vez surge depois de o presidente francês, Emmanuel Macron, ter decidido dissolver a Assembleia Nacional e convocar eleições legislativas antecipadas, a 30 de junho e a 07 de julho, na sequência do fracasso do partido do presidente nas eleições para o Parlamento Europeu.
Aguarda-se um entendimento semelhante à direita, apesar do partido dos Republicanos ter rejeitado a aliança proposta pelo seu presidente, Eric Ciotti, com o RN de extrema-direita.
Ciotti chegou a ser destítuido mas o partido recuou depois na decisão.
Sobre o entendimento à esquerda, o ex-presidente francês, François Hollande, disse que "o que é essencial é que a união foi possível".
"Não conheço [o acordo] em detalhe mas, para mim, o que é essencial é que a união foi possível. Tenho divergências conhecidas, mas há um momento para ir além delas, vai-se ao essencial", declarou aos microfones da TF1.
Hollande defendeu que "a esquerda tem o dever de unir-se" para que "a extrema-direita não chegue ao poder".
Para Hollande, a possibilidade de a extrema-direita chegar ao poder "cria um perigo" para "a imagem de França e para as propostas que França pode fazer na Europa".
Para Hollande, a possibilidade de a extrema-direita chegar ao poder "cria um perigo" para "a imagem de França e para as propostas que França pode fazer na Europa".
Hollande criticou ainda a decisão de Macron de dissolver a Assembleia, "no pior momento", quando há "uma guerra na Europa" e "na véspera" dos Jogos Olímpicos.
com Lusa